segunda-feira, junho 26, 2006

Divagações sobre o "nada-espiral" - parte IV

A nartureza existe e continua e evolui sem precisar de um sentido para isso. As espécies defendem sua sobrevivência sem necessariamente racionalizar sobre isso. O universo sofre incessantemente todo tipo de causa cujo efeito é a existência. O sentido a seguir é o da existência e não o da desistência, Na falta de razão para viver resta a sobrevivência e a sobrevivência humana depende da sobrevivência da natureza, da qual somos produto e parte integrante. Se nego minha submissão ao Universo e suas leis nego minha própria existência, retardo minha evolução natural, seguro minha mente enquanto todo o resto segue adiante. A falta de sentido segue rumo ao nada enquanto eu permaneço parado procurando uma razão para o que acontece à minha volta.

Talvez o sentido na falta de sentido seja justamente fazer o maior absurdo que se possa imaginar: continuar existindo sem nenhuma razão para isso. Se eu aceito minha condição natural submissa a todo o Universo que não compreendo, sendo essa a única a única verdade a que consigo chegar, a de que nada é passível de compreensão, o melhor que posso fazer por mim mesmo é seguir sendo. E se a humanidade precisa dar um sentido, seja lá qual for, a cada ato, a cada fenômeno, a cada segundo, que assim seja!

Todos fazemos parte do mesmo mundo, do mesmo Universo, co-existimos! Não há sentido senão este! Não tenho direito de te negar e nem de negar a mim mesmo pois eu sou, você é, e é para que isso siga adiante que devemos viver! Eu te perdôo por ser você e se você não me perdoa e não aceita a minha existência eu te perdôo novamente! E eu te ajudo a tentar aceitar a sua condição junto à condição de nós todos pois isso é coexistir! E eu amo a vida justamente por não ver sentido em nada, nem no que eu penso, nem no que você pensa, nem em como tudo isso funciona! O amor é vazio em si próprio e não pede nem dá razão para ser, ele só visa coexistir, aceitar a vida, repousar na serenidade da falta de sentido e sorrir.

Eu aceito a moral torta, aceito a guerra suja, aceito o dinheiro corrupto, aceito o mal pois aceito essa parte da existência que não se aceita, que não aceita o outro, que não aceita a falta de sentido e produz seus próprios falsos sentidos e os dissemina. Pois se eu não aceitá-los como poderia lutar contra eles? A luta deve ser pela ausência plena de sentidos e não por um sentido oposto! Não há de haver sentido e por isso eu amo os que dão sentido e luto para que abram mão dele, para que se aceitem, para que me aceitem, para que existam e coexistam. Para nada. Para tudo.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

esse é meu papi!

quinta-feira, junho 29, 2006 2:22:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

nossa, tem muita coisa por aqui, vo lendo com callma....
gostei dessa estoria de sentido. apesar de ser muito dificil nao se colocar, quer dizer de colocar seu sentido sobre o do outro, mas com certeze perceber e pensar isso ja o primeiro passo para uma existencia legitima....
boom final de semana!

sexta-feira, julho 07, 2006 8:30:00 PM  

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